Sugestões da ECD para modificações na SMA-90
Segue abaixo texto elaborado pela ECD como sugestão de melhora na aplicação da Resolução SMA-90, sem perder de vista a luta pela qualidade nos trabalhos de gerenciamento de áreas contaminadas, em especial a etapa de coleta de dados geoambientais.
O texto refere-se à colaboração solicitada pela FIESP aos presentes na reunião promovida por essa entidade no dia 26/02/2013. A ECD contribuiu com um texto que trata do caso particular das amostragens de solo subsuperficial.
Após todas as contribuições, a FIESP encaminhou uma proposta única de todo o setor para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e em breve deverá divulgar, tanto a proposta consolidada, quanto a resposta da Secretaria.
Abaixo, o texto elaborado pela ECD
O Gerenciamento de
Áreas Contaminadas, nas suas etapas de Investigação Confirmatória e
Investigação Detalhada, obrigam o Responsável Técnico a efetuar uma amostragem
de solo adequada ao modelo conceitual da área. Nas etapas de Avaliação de Risco
e Plano de Reabilitação, essa amostragem de solo nem sempre é obrigatória, mas, muitas
vezes, é necessária para um adequado diagnóstico da área.
Na maior parte das
vezes, a amostragem de solo tem de ser feita em subsuperfície, ou seja, a
profundidades maiores que 1,0 m. Uma das normas utilizadas é a NBR 15.492:2007
– Sondagem de reconhecimento para fins de qualidade ambiental – Procedimento. A
amostragem de solo subsuperficial também faz parte dos procedimentos da CETESB,
como o “Procedimento para Identificação de Passivos Ambientais em Estabelecimentos
com Sistema de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis (SASC)”.
Neles, percebe-se
alguns pontos que dificultam a aplicação imediata da SMA-90, como:
- A amostragem de solo
deve estar relacionada com o modelo conceitual, ou seja, é totalmente
dependente das condições do meio físico (tipo de solo, granulometria, coesão,
saturação, nível d’agua, entre outros). Existem inúmeros métodos de amostragem
de solo, e para cada situação do meio físico, há uma hierarquia de ferramentas
e/ou procedimentos para se obter uma amostra representativa. Essas não tem
relação com a metodologia de análise ou mesmo com o composto químico de
interesse, mas sim, com a hidrogeologia da área. Desta forma, um laboratório, mesmo acreditado, não possui a competência
técnica nem tampouco as ferramentas e tecnologias necessárias para executar uma
adequada amostragem de solo subsuperficial. O plano de amostragem deve ser
elaborado por quem está elaborando o modelo conceitual (Responsável Técnico) e
a execução deve ser realizada por uma empresa especializada nesse tipo de
amostragem.
- A amostragem para
compostos voláteis deve ser realizada por meio da cravação de tubos tipo
“liner”, de acordo com os procedimentos da CETESB citados. A execução dessa
cravação em profundidades maiores exige um equipamento, ferramental,
tecnologia, procedimentos e treinamentos específicos. Muitas vezes são
necessários equipamentos mecanizados de grande porte, que somente empresas
especializadas nesse setor possuem. Os laboratórios não têm nada disso, nem é
de interesse deles executar esse serviço muito específico, pois foge totalmente
do seu escopo.
Figura 1: Amostragem de solo pelo método “Direct
Push” mecanizado. Exemplo de máquina (acima) e amostrador tubular liner (abaixo)
Desta forma, se existem
dúvidas sobre a capacidade dos laboratórios atualmente acreditados para atender
a grande demanda de amostragem de água subterrânea, essa dúvida não existe
sobre a capacidade de atender a demanda de amostragem de solo subsuperficial: os
laboratórios atualmente acreditados não
tem condição nenhuma de realizar esse serviço, nem agora, nem em um
horizonte curto de tempo.
Ainda existe uma outra
consideração a ser feita: a acreditação pela ISO 17025 não leva em conta a
especificidade da amostragem de solo subsuperficial. Para que essa amostragem
tenha a qualidade necessária, propomos que seja elaborada uma acreditação
específica para essa atividade, com normas a serem definidas.
Figura 2: Equipamento portátil de amostragem de solo
pelo método “Direct Push” mecanizado.
Comentários
Postar um comentário