Comentários Sobre o Artigo

Recentemente, falamos en passant aqui sobre o novo artigo científico publicado na Revista InterfacEHS, uma publicação peer review , ou seja, revisada pelos pares e indexada no Qualis, editada pelo SENAC.
Vale a pena fazermos alguns comentários a respeito desse artigo. Ele foi escrito por mim, (Marcos Tanaka Riyis, Diretor Técnico da ECD), pelo meu amigo Rafael Muraro Derrite, da Stricto Soluções Ambientais, pelos meus amigos e ex-alunos do SENAC: Edegar Hirai, da CETESB/Itu, Elias Lima, da CETESB/Jundiaí e Julia Ceolin, e pelo meu colega de Doutorado na FEB/UNESP, Lucas Scarpanti de Jesus.
Esse artigo mostra a condução do caso, por 3 diferentes consultorias, de uma contaminação em um posto de combustíveis no interior do estado de SP, que, utilizando as ferramentas tradicionais de investigação de áreas contaminadas ao longo de 12 anos, instalou mais de 60 poços, realizou três remediações diferentes e não conseguiu elaborar um modelo conceitual da área. Nem sequer delimitar tridimensionalmente as plumas. Esse trabalho custou ao Responsável Legal (Posto) um montante atualizado aproximado de 750 mil reais, e o caso, após esses trabalhos, continuou aberto e o proprietário passível de autuação.
O texto descreve uma série de equívocos na coleta e interpretação de dados durante os 12 anos, mostrando que um custo aparentemente baixo, nesse ramos de atividade, certamente irá gerar um custo altíssimo no médio prazo (no longo prazo também). Por isso, o artigo recomenda uma abordagem que priorize a investigação, com os seguintes pontos fundamentais:
- Tomada de decisão em campo por profissional capacitado e com autonomia para tal;
- Prioridade na amostragem de solo, utilizando ferramentas adequadas para a coleta de amostras representativas: Direct Push Dual Tube, Direct Push Piston Sampler, ou Direct Push Single Tube revestido por Hollow Stem Auger. E essa amostragem obrigatoriamente deve envolver a zona saturada, como já comentamos aqui;
- Em área com suspeita de LNAPL, coletar as amostras de solo de acordo com a norma NBR 16434 na zona saturada, para diferenciar a fase livre realmente móvel da fase residual;
- Além disso, utilizar ferramentas de screening qualitativo, como a Caixa Preta de Investigação Geoambiental, que pode ser visto aqui e também nesse artigo científico;
- Definição clara e em escala de detalhe das principais zonas de fluxo e zonas de armazenamento;
- Instalação de poços ou pontos de coleta de água subterrânea nas zonas de fluxo para a determinação da fase dissolvida, não em profundidade pré-estabelecida;
- Coletar dados quantitativos sobre a condutividade hidráulica de cada unidade hidroestratigráfica de interesse;
- Integração dos dados com a quantificação da massa em todas os compartimentos do meio físico e a interação meio/contaminante
A conclusão do artigo, portanto, é clara: é preciso investigar melhor. Não é preciso investigar mais, e sim, investigar melhor, ou o custo será muito alto.



Com isso, a ECD continua na sua missão, de compartilhar conhecimento (artigo disponível com acesso livre aqui) e contribuir para o engrandecimento do Mercado de Áreas Contaminadas, que tende a crescer muito em qualidade a partir da publicação da DD 038. Vamos acompanhar!!!!









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