Já temos 23 apoiadores financiadores na nossa campanha do Apoia.Se (https://apoia.se/ecdambiental), sendo 4 anônimos. Agradeço demais aos amigos: Sergio Rocha, Heraldo Giacheti, Roberto Costa, Larissa Macedo, Rodrigo Alves, Wagner Rodrigo, Leandro Freitas, Leandro Oliveira, Atila Pessoa, Tatiana Sitolini, Willem Takiya, Filipe Ferreira, Allan Umberto, Diego Silva, João Paulo Dantas, Cristina Maluf, Calvin Iost, Luciana Vaz e Felipe Nareta. Mais detalhes vocês vão encontrar no apoia.se e, se quiserem mais informações, é só me perguntar.
Nessa semana, lançamos o episódio #030 do Podcast Áreas Contaminadas, uma conversa bem legal com minha amiga, a Geóloga Joyce Cruz Di Giovanni. Além disso, foram muitas outras coisas legais que aconteceram: as aulas no curso de Atenuação Natural Monitorada na terça, nos cursos do SENAC no sábado e no curso dos órgãos ambientais na segunda e na quinta. Além do Webinar sobre LNAPL na quarta. Uma semana bem cheia, mas de muito aprendizado.
Na semana passada falei sobre as linhas de evidência da Atenuação Natural e como elas são importantes até para se propor medidas de controle institucional (se não leu, releia aqui: http://www.ecdambiental.com.br/2020/11/newsletter-ecd-024-15112020.html), essa semana, sobre isso, gostaria de ressaltar que essas linhas de evidência são realmente linhas de evidência se e somente se a investigação e o modelo conceitual forem adequados. Pelo que vi durante a semana em muitas conversas, ainda são muitos os que fazem amostragens de solo somente até a "franja capilar", portanto, não identificam nem delimitam as unidades hidroestratigráficas. Sem isso, não há como evidenciar nada, nem atenuação natural.
O curso para os órgãos ambientais teve vários momentos interessantes, foram aulas sobre a metodologia do Gerenciamento de Áreas Contaminadas e a relação dessa metodologia com os instrumentos legais, entremeada por temas mais técnicos e aplicáveis ao dia-a-dia dos profissionais e dos órgãos. Outro momento muito legal foi a aula sobre fontes de poluição e sobre Avaliação Preliminar, algo fundamental, que é realmente o coração do diagnóstico, reabilitação e mesmo o gerenciamento de uma área contaminada. Mais uma vez isso ressaltou para mim a relevância e a importância de conhecermos bem os processos industriais que podem ser fontes importantes. Eu falo muito sobre a investigação das fontes na minha aula, mas essa investigação adequada pressupõe uma correta identificação das fontes, sem isso, não há investigação.
As aulas do SENAC trouxeram muita coisa legal, como sempre, mas um tema me chamou a atenção: as análises granulométricas e como o mercado não tem o costume de fazer esses ensaios nem de interpretar os resultados. Além do óbvio, que é caracterizar adequadamente a sua unidade hidroestratigráfica (portanto, as amostras para análises granulométricas devem obrigatoriamente ser coletadas também na zona saturada), essa análise é exigida pela norma 15.495-1, de instalação de poços de monitoramento, que fala que a granulometria do pré-filtro e a ranhura do tubo-filtro devem ser escolhidas de acordo com a granulometria da formação da zona-alvo. Ou seja, sem essa análise da granulometria da zona-alvo do poço, esse poço está em desacordo com a norma. Atenção nisso!!!!!
Por fim, o Webinar sobre LNAPL (em breve disponível no Canal da AESAS no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC-tpPv0crHlnPTi2wIz_QTQ) trouxe três apresentação fantásticas, do Marco Pede, Mateus Evald e Átila Pessoa. Em resumo, eles explicaram e fundamentaram muito bem que o pancake model não existe, portanto, não se deve investigar LNAPL com poços de monitoramento, pois há uma chance enorme de falsos negativos. Além disso, eles expuseram métricas possíveis de gerenciamento de sites contaminados com LNAPL que não dependem da espessura de fase livre dentro do poço e desmistificaram duas tendências opostas: uma que a simples presença de LNAPL significa risco iminente e outra que o LNAPL trapeado sem mobilidade ou LNAPL residual significa imediatamente a ausência de risco. São temas que estamos tratando aqui nos nossos canais há algum tempo e o grande alcance do Webinar certamente vai fazer mais gente refletir sobre esse assunto.
Muita gente me perguntou durante a semana, então vou falar novamente aqui sobre a 8ª Turma do curso de Pós-Graduação em Remediação de Áreas Contaminadas do SENAC, cujas aulas começarão em março/2021. Para essa turma, teremos algumas mudanças importantes:
- O curso terá duração de 1 ano, não mais 18 meses;
- Teremos aulas aos sábado o dia inteiro e também em algum dia da semana à noite, provavelmente na terça-feira;
- As aulas nos dias de semana serão em formato EaD (online e ao vivo);
- Obviamente, se estivermos em pandemia e não pudermos ter aulas presenciais, as aulas serão online e a prioridade das aulas presenciais será para aulas práticas em campo;
- Teremos, no 1o semestre de 2021, duas disciplinas 100% EaD que poderão ser cursadas avulsas. A primeira delas se iniciará em março/21 é de Projetos: Plano de Intervenção, com 32 horas. Acho que é uma excelente oportunidade para quem não é de São Paulo
Mais informações e inscrições do curso de Pós estão nesses dois links:
Outro tema relevante que gostaria de trazer para vocês é o super aquecimento do mercado de GAC nesse final de ano. O mercado está realmente aquecido, como há um bom tempo eu não via. Isso vai na contramão das previsões do primeiro semestre, principalmente das minhas previsões. A Pandemia de Covid-19, ainda não foi debelada, muito pelo contrário, mas os players econômicos fizeram valer a sua posição e, com setores com muitos cuidados e setores com poucos cuidados, a produção econômica está a todo vapor no país, gerando uma grande demanda também no setor de GAC, que tinha ficado represada por conta da pandemia. Os Responsáveis Legais "esperaram para ver o que aconteceria" e resolveram agora todos quererem tirar os projetos das gavetas simultaneamente. O lado ruim é que isso retroalimenta a pandemia (vejam quantos conhecidos de vocês contraíram Covid-19 nos últimos 2 meses), mas o lado bom é que os projetos de investigação e remediação cresceram muito. Alguns indicadores são muito fortes, como a reversão da tendência das demissões, ao contrário, as consultorias estão contratando bastante gente, desde estagiários até pessoas mais experientes, mas o maior indicativo para mim é a falta de material e insumos para investigação, como tubos para poços de monitoramento e bentonita (vejam comunicado da Trionic: https://trionic.com.br/), por excesso de demanda e por falta de matéria prima, indicando que os fabricantes dessa matéria prima (polímeros) estão com demanda muito alta também, ou seja, provavelmente liberando mais projetos para a cadeia do GAC. Outro indicativo interessante é a redução dos comentários que recebo nas newsletters, o que mostra que as pessoas que me lê (a maioria é de trabalhadores comuns do GAC, analistas, trainees, coordenadores) está tão sobrecarregada que não tem tempo para isso. Se você tem alguma história dessas para compartilhar, mande pra mim, por favor. Para esse nosso público, as notícias são mais positivas que negativas, pois abrem muitas vagas. As que fico sabendo e me permitem divulgar, vou colocar aqui e também no nosso canal do Telegram, pois é mais ágil e rápido. As últimas vagas dessas semana são:
- A ERM está com 22 vagas abertas para Geólogo, Eng. Ambiental, Eng. Civil, Biólogo, Eng. Químico, Eng. Produção para SP, RJ e BA. Falar com tatiane.machado@haztec.com.br
Há também vagas em outras empresas, que não foram abertas para o público geral. Fiquem de olho e atualizem os seus currículos
Vamos agora às principais notícias e dicas da semana:
1. O Episódio #030 do Podcast, como eu falei, foi com a Geóloga Joyce Cruz di Giovanni. Conversamos sobre muitas coisas: Geologia, as mudanças de rumo na carreira, a importância de uma boa formação e de uma língua estrangeira até para ter sorte, machismo, investigação, inovação no GAC, a atuação dela no grupo Nicole Latin America e especialmente sobre sustentabilidade. Foi uma conversa muito legal que nos ensina muito!!!!
Ouça no Site da ECD: http://www.ecdambiental.com.br/2020/11/podcast-areas-contaminadas-episodio-030.html
Ouça no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=xHmpAk9OJGg
Ouça no Spotify: https://open.spotify.com/episode/7bYTRMyWuunJnQ8wkS0tTV?si=WHRomqvFRNye404lT6u7-w
2. O Episódio #031, que irá ao ar nessa semana, dia 26/11, será uma conversa diferente, com duas amigas que são representantes dos Responsáveis Legais, ou "O Cliente": Denise Piffer e Débora Dobscha. Confiram os perfis delas no Linkedin:
4. No Episódio #027 do Podcast Áreas Contaminadas, na conversa com Willem Takiya (ouça: https://www.youtube.com/watch?v=wI9OuTbMXNU&t=3s), ele falou para nós um pouco sobre a Câmara de Fluxo, ou Flux Chamber, como uma das possibilidades de se avaliar a intrusão de vapores em ambientes fechados. Para quem não conhece, aqui vão dois vídeos que explicam um pouco o funcionamento da câmara:
5. Flavia Demarchi divulgou um interessante apresentação: uma caracterização geológica-geotécnica das famosas argilas duras da bacia de São Paulo. São fraturadas ou não? Elas são camadas isolantes para os DNAPLs? Vejam a apresentação com a perspectiva mais geotécnica dela, mas com muita relevância para o GAC: https://www.youtube.com/watch?v=4vMn3VPbXhs&feature=youtu.be;
6. Novo grupo do ITRC, que está elaborando novos documentos, com o objetivo de tentar reduzir a confusão de normas, documentos e regulamentos diferentes: Aplicação Efetiva dos Regulamentos em Sites com Hidrocarbonetos: https://itrcweb.org/Team/Public?teamID=91 .
9. Muriel Patricio publicou um artigo interessante, chamado "Simulação matemática do transporte de óleo mineral isolante na zona vadosa considerando a constante dielétrica e o índice de plasticidade", que simula o que acontece com vazamentos de óleo mineral isolante (OMI) utilizado em subestações elétricas, um problema que ocorre em muitos lugares. A simulação da migração do OMI, um LNAPL depende, como sempre, do meio físico. Leiam o artigo muito legal da Muriel e seus colegas do Núcleo Ressacada: https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/29501 ;
15. Li essa semana alguns textos que mostram uma relação muito próxima das pandemias com o extrativismo e agropecuária de larga escala, como mineração, agroindústria, monoculturas, e outros. O desequilíbrio ambiental causado por essas ações são causas diretas do salto de vírus de animais para humanos e sua rápida disseminação. Gripe suína, gripe aviária, febre amarela, entre outros. Mas aqui vão dois links sobre a pandemia de ebola, na África e sua relação muito importante como a monocultura de palma para a extração do óleo. Leitura importante:
18. Ainda nessa linha, duas notícias relacionadas: a primeira, de 20/11/2020, fala do grande aquecimento do mercado imobiliário, com o risco importante de faltar material de construção, e a segunda, de setembro de 2020 (somente 2 meses antes) mostrava uma queda de mais de 9% do PIB em relação ao trimestre anterior. Isso tem reflexo direto no nosso mercado, com a baixa das vagas entre abril e setembro e o boom de contratações em novembro. O mercado imobiliário está otimista, consequentemente, o mercado de GAC também está:
20. Reportagem da DW interessante sob vários aspectos: o primeiro é que se trata de uma indenização milionária decorrente dos efeitos maléficos à saúde (incluindo câncer) do glifosato, mais um agrotóxico plenamente presente nos nossos alimentos, o que pode vir a ser a próxima "bola da vez", como os PFAS; o segundo é que o padrão é o mesmo dos PFAS e de vários outros casos, como a indústria do tabaco, etc: a indústria afoga os órgãos reguladores com estudos científicos e advogados atestando a "segurança" do contaminante; o terceiro é que pode ter aberto um precedente interessante em favor dos atingidos pela contaminação e pode se estender para outros contaminantes, outras indústrias, outros países; por fim, pode ser o início de uma mudança de mentalidade, em que as grandes corporações deixem de fazer o que querem, da forma que querem, baseando sua conduta 100% no lucro, que é a razão da existência delas. As regulações têm de fazer "marcação cerrada" para que não ocorram catástrofes. Trazendo para o nosso mercado, isso é mais um ponto para mostrar a grande importância do curso que a parceira SENAC/AESAS está fazendo para os órgãos ambientais do Brasil. Isso é extremamente necessário: https://www.dw.com/pt-br/bayer-%C3%A9-condenada-a-pagar-indeniza%C3%A7%C3%A3o-de-us-80-milh%C3%B5es-por-glifosato/a-48095874
22.Vejam essa notícia: na Praia do Forte, Bahia, um Resort de luxo construiu um muro em área de restinga que prejudica sobremaneira a reprodução de tartarugas marinhas de acordo com o IBAMA-BA, que, por isso, embargou a obra e aplicou multa de R$ 7,5 Milhões. A Prefeitura local havia autorizado a obra considerando de baixo impacto ambiental e com interesse econômico para o município, mas os técnicos do ICMBio alegam que a obra está na praia, portanto, em área de competência da União e que deveria ser paralisada imediatamente. O bom e velho conflito entre ambiente e economia que os mecanismos de regulação devem mediar e proteger os interesses difusos e das futuras gerações. O IBAMA cumpriu seu papel. Aí, o superintendente do IBAMA-BA cancelou os atos de sua própria equipe técnica, ou seja, cancelou a multa e a suspensão da obra. Curiosamente, o superintendente do IBAMA é também sócio de uma empresa que atua na oferta de imóveis de luxo no litoral da Bahia. Impressionante?
23. Outra notícia que beira o inacreditável: Mineradora Sama é autorizada pelo Governador de Goiás a retomar a extração de amianto, mesmo com decisão contrária do STF. Vejam os links abaixo:
24. Passando a comoção pela derrota de Trump na eleição dos EUA, uma notícia que preocupa os ambientalistas no mundo. Biden nomeou Cedric Richmond para um cargo importante que decide sobre questões ambientais e climáticas. Richmond é um conhecido lobista das indústrias de petróleo e constantemente contrariou decisões do seu partido e votou contra as questões ambientais. Analistas apontam que as diferenças nesse assunto entre Trump e Biden são mais metodológicas: Trump é abertamente contra o Acordo de Paris e se vale de negacionismo e notícias falsas, enquanto Biden de um lado estimula o "capitalismo verde", o Green New Deal, enquanto atua fortemente a favor dos combustíveis fósseis, sendo um política ambientalista até que comece a interferir nos negócios. De acordo com a reportagem, ele foi nomeado para a White House Office of Public Engagement, where he is “expected to serve as a liaison with the business community and climate change activists.” https://www.dailyposter.com/p/news-bidens-first-climate-appointment ;
27. Na semana do Dia da Consciência Negra, para aqueles que insistem em negar o racismo estrutural, um pouco de dados:
Por hoje é isso. Aguardo os comentários, sugestões e críticas. Mais uma vez peço que acessem o https://apoia.se/ecdambiental para vocês conhecerem melhor a nossa campanha e, se puderem, contribuírem conosco.
Se alguém não quiser mais receber as minhas mensagens, é só responder esse e-mail com o texto REMOVER
Mais uma vez obrigado pela atenção e até a semana que vem
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