Olá a todas e todos.
Já temos 24 apoiadores financiadores na nossa campanha do Apoia.Se (https://apoia.se/ecdambiental), sendo 4 anônimos. Agradeço demais aos amigos: Sergio Rocha, Heraldo Giacheti, Roberto Costa, Fabiano Rodrigues, Larissa Macedo, Rodrigo Alves, Wagner Rodrigo, Leandro Freitas, Leandro Oliveira, Atila Pessoa, Tatiana Sitolini, Willem Takiya, Filipe Ferreira, Allan Umberto, Diego Silva, João Paulo Dantas, Cristina Maluf, Calvin Iost, Luciana Vaz e Felipe Nareta. Mais detalhes vocês vão encontrar no apoia.se e, se quiserem mais informações, é só me perguntar.
Nessa semana, lançamos o episódio #031 do Podcast Áreas Contaminadas, uma conversa muito bacana com duas amigas, a Denise Piffer e a Débora Dobscha. Ambas são alunas do SENAC e representantes dos Responsáveis Legais, ou seja, dos clientes. E, diferente dos demais convidados, que são majoritariamente das consultorias, elas falam bastante sobre as "dores" do cliente, e conhecer isso é fundamental para toda a cadeia do GAC.
Além disso, foram muitas outras coisas legais que aconteceram: as aulas no curso de Atenuação Natural Monitorada na terça e sexta, nos cursos do SENAC no sábado e no curso dos órgãos ambientais na segunda e na quinta. Muito aprendizado e trocas de ideias, mas são atividades que realmente exigem muito tempo e dedicação. De qualquer forma, gosto muito do tema e faço um pequeno "filtro" aqui para vocês, mas o ideal é que vocês mesmos participem do maior número de fóruns de discussão, cursos, eventos e webinars que puderem. E, obviamente, não deixem de ler, estudar e se atualizar. Nossa área é muito complexa e multifacetada, e precisamos correr muito para acompanhar as mudanças.
Essa semana também recebi algumas mensagens muito legais e gostaria de compartilhar alguns trechos com vocês. São mensagens que realmente nos dão muita força e vontade de continuar esse trabalho, acho que estamos conseguindo contribuir:
Uma delas disse: "Parabéns pelo trabalho! Que grande contribuição para o setor de gerenciamento de áreas contaminadas" .
A outra disse: "Tenho acompanhado suas ações e conteúdos por meio dos Podcasts, Newsletters e Telegram. Não tem como não o parabenizar por estas iniciativas (ainda que todos o dizem, mas realmente é de se destacar!), pela genuinidade destas ações, a sua disponibilidade/doação, a difusão e o compartilhamento do conhecimento, além de promover a integração dos profissionais do mercado. "
Uma terceira mensagem diz que eu levo bastante jeito para falar e posso ler locutor de rádio!!! Se a coisa apertar, já sei para onde eu vou!!!!!
Nessa semana recebemos mais uma inscrição na Newsletter. Seja bem-vinda, Isabela!!!! No Canal do Youtube estamos com 546 inscritos. No Telegram temos 210 inscritos e no Instagram temos 376 Seguidores (@ecdambiental). Muito bacana, estamos conseguindo ajudar bastante gente!!!!
Ainda falando de Atenuação Natural Monitorada, nessa última semana, assistindo várias aulas, me vêm várias questões que gostaria de compartilhar com vocês:
- Você sabia que amanhã você pode iniciar um estudo de ANM a um custo baixíssimo? Basta, na campanha de monitoramento/amostragem de água subterrânea que você já vai fazer, você incluir a análise de aceptores e/ou doadores de elétrons ou mesmo de subprodutos da degradação. Se seu caso é de Hidrocarbonetos, solicite análise de: Nitrato, Sulfato, Metano, Fe2+, Mn2+ e Alcalinidade Total (esses dois últimos não são tão importantes); Se seu caso é de etenos clorados, além desses, peça também: eteno, etano, TOC (Carbono orgânico Total) e íon cloreto.
- Se você já tem dados históricos, utilize a estatística de Mann-Kendall para avaliar cada poço amostrado para identificar se há uma diminuição representativa estatisticamente
- Só não esqueça: cada unidade hidroestratigráfica deve ser avaliada separadamente. Se você está usando "O Poção", sua incerteza está nos poços, não na análise estatística ou de aceptores/doadores de elétrons
- Não há um grande custo adicional se você fizer um estudo de ANM em áreas contaminadas que você está propondo uma restrição de consumo de água subterrânea. Nesses casos, as concentrações já estão relativamente baixas, pois você atingiu alguma CMA. Use essas análises que eu mencionei acima, e use também modelos como Bioscreen/Biochlor, Mass Flux Toolkit e a análise do decaimento com a distância. Não há grandes custos adicionais envolvidos e os ganhos ambientais são muito interessantes e relevantes para a sociedade
- Na minha opinião, esse estudo deveria ser exigido pelo órgão ambiental. Mas, independente disso, creio que a responsabilidade do profissional poderia englobar esse estudo, especialmente em áreas onde haverá uma restrição de consumo de água subterrânea
O curso para os órgãos ambientais está sendo também muito interessante, com uma grande participação dos alunos, que, repetindo, são do país inteiro. Eu ministrei uma aula sobre amostragem de solo e uma aula sobre amostragem de água, que foram bem legais e suscitaram discussões muito interessantes. Um questionamento interessante é sobre a investigação de LNAPL com poços. Ainda há uma forte tendência a adotar o pancake model como paradigma e o poção como metodologia principal de investigação. Quebrar isso não é fácil, mas vamos tentando. Já há uma mudança no entendimento das pessoas que participam dos cursos, e isso tende a se propagar, mas é um trabalho bem lento.
Um outro ponto que gostaria de reiterar aqui: as investigações devem identificar, delimitar e caracterizar adequadamente todas as unidades hidroestratigráficas. A massa estará na maior parte das zonas de armazenamento e o fluxo dessa massa irá ocorrer pela água subterrânea nas unidades hidroestratigráficas de fluxo. Pensando nessa caracterização das UHs de fluxo, você precisará de amostragens de solo para descrição tátil-visual, envio de amostras para análises granulométricas entre outras coisas. Mas faltaria uma propriedade fundamental da UH que precisa ser determinada, que é a condutividade hidráulica. Usualmente ela é determinada por meio de slugs/bail tests em poços de monitoramento que precisam estar exclusivamente na UH de interesse, portanto, somente perto no fim da caracterização da área que o consultor irá obter a informação da condutividade hidráulica. Existe outra maneira se fazer isso que é simples, rápida e barata, que é um ensaio de infiltração. A metodologia está nesse livro (https://www.abge.org.br/ensaio-de-permeabilidade-em-solo-orientacao-para-sua-execucao-no-campo) e basicamente é a aplicação de um revestimento e exposição da UH abaixo desse revestimento. Aí, por dentro do revestimento, coloca-se água a uma taxa constante, que será "absorvida" pela UH. Com essa taxa e outros dados de entrada (comprimento da UH, diâmetro do furo, altura de injeção, etc), é determinada a condutividade hidráulica. Além de rápido, simples e barato, ela fornece o dado muito relevante: a condutividade hidráulica somente da UH de interesse, diferente do slug test realizado em poços de seção filtrante longa. Dois alunos do SENAC (Fernando Ferraz Medeiros e Luana Fernandes do Nascimento) fizeram TCCs ótimos sobre isso e em ambos o resultado foi excelente, de modo que recomendo fortemente a utilização.
Por fim, o podcast com a Denise e a Débora me fizeram refletir mais um pouco sobre o nosso mercado, como ele funciona, como as coisas vão acontecendo. Alguém se transforma em um Responsável Legal (RL), seja por uma demanda legal, administrativa, de compliance, denúncia, etc, e certamente não recebe essa notícia com alegria, já vê isso como um problema. O RL tem responsabilidade, afinal o meio ambiente foi degradado e não é justo que a sociedade como um todo pague por essa degradação, muito menos que as futuras gerações sejam privadas desse recurso. Mas o Responsável Legal "não quer gastar", e seu objetivo no GAC é economizar ao máximo, fazer somente e estritamente o que é obrigatório. Existe, pelo menos no estado de SP, todo um arcabouço legal e técnico bem ajustado que "obriga" o RL a realizar os estudos sob a "mediação" do órgão ambiental. No entanto, é uma relação comercial entre Responsável Legal e Responsável Técnico (RT). No início do mercado, as demandas e os atores vão se ajustando, vão se corrigindo procedimentos, técnicas, estudos, produzindo inovações, conhecimento, tecnologia, etc, até que, em um determinado ponto, RL e RT conseguem encontrar "brechas" no arcabouço legal que fazem o RL aparentemente economizar e o Técnico auferir seu lucro, objetivo final de toda a empresa. Só que, algumas vezes, o Responsável Legal percebe que o barato não é tão barato assim e reclama, com razão, do Responsável Técnico por esse ter proposto uma solução inadequada. O RT, por sua vez, reclama, com razão que os RLs, via de regra, não querem pagar pelo que precisa ser feito e se ele, consultor, não oferecer uma solução "mais barata", o RL vai contratar o concorrente. Ou seja, estamos todos presos em um círculo vicioso. A minha conversa com as duas representantes de Responsáveis Legais foi bem elucidativa e espero que o mercado como um todo aja de modo mais cooperativo, em prol de soluções adequadas ao meio ambiente e a todos os envolvidos. Isso é perfeitamente possível, basta que todos queiram fazer o melhor, sem buscar soluções fáceis como "aprovador de estudos" por parte do Responsável Legal, ou como trabalhos-baratos-esperando-aditivos por parte dos Responsáveis Técnicos. Temos que melhorar, e acredito que vamos melhorar. Nossos filhos e netos contam com isso!!!!
Vamos agora às principais notícias e dicas da semana:
1. O Episódio #031 do Podcast, como eu falei, foi com as minhas alunas e amigas Denise Piffer e Débora Dobscha. Denise é Engenheira Ambiental, que trabalhou um bom tempo no setor da Construção Civil e Débora é Engenheira Civil com Mestrado em Geotecnia, que trabalha há um vários anos no setor de Logística de Óleo e Gás. Conversamos sobre muitas coisas: a trajetória acadêmica e profissional das duas, o grande salto de conhecimento que ambas tiveram no curso de Pós do SENAC, o quanto esse salto refletiu nas empresas delas, e falamos muito sobre a visão do cliente que contrata as consultorias no GAC: as dores do cliente, dificuldades, mercado, e também coisas boas que viram nas trabalhos. Foi uma conversa muito legal que, novamente, nos ensina muito. Em particular esse episódio deixa algumas grandes dicas para o mercado do GAC: 1. Erros na estimativa dos custos do projeto, ou na orçamentação, vai levar inexoravelmente à má qualidade; 2. Os Técnicos precisam "educar" os seus clientes para que esses entendam as reais necessidades do projeto e quais soluções são interessantes; 3. Oferecer soluções "de prateleira", automatizar os processos da consultoria, ou transformar em uma "linha de montagem" de relatórios, embora sejam princípios gerenciais que maximizam os lucros da consultoria, devem se evitados porque geralmente não trazem boas soluções; 4. O profissional de GAC precisa de atualização constante, não se pode parar de estudar e aprender; 5. a CETESB não "aprova" ou "assina embaixo" dos relatórios, ela "delibera", ou seja, a responsabilidade de longo prazo continua sendo do Responsável Técnico e Legal
Vejam o perfil delas no Linkedin:
Ouça no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=D_gXQhqo9NQ&t=1s
Ouça no Spotify: https://open.spotify.com/episode/3qeRGhpAvZnwQ0Xmn3mJzH?si=yZY3Dt5iTAGlnKM8nQGvxA
2. O Episódio #032, que irá ao ar nessa semana, dia 05/12 (dezembro chegou!!!!), será com meu amigo Fabiano Sampaio Rodrigues dos Santos, Engenheiro Civil, que trabalha há um bom tempo em muitos segmentos do mercado de GAC e atualmente está na Sauber System, atuando no desenvolvimento de novos equipamentos. Confira o perfil dele no Linkedin por enquanto: https://www.linkedin.com/in/fabiano-sampaio-rodrigues-75917880/
3. Falei na semana passada, mas é preciso repetir por ser algo extremamente importante: Ocorreu uma atualização nos RSL (Regional Screening Levels) em 18/11/2020. Antes de entregar ou protocolar o seu relatório, confira se sua SQI não teve os valores de referência alterados: https://www.epa.gov/risk/regional-screening-levels-rsls-whats-new
4. No dia 09/12 teremos um Painel de Debates com representantes de órgãos ambientais do Brasil. Não percam, em breve, a Soldí Ambiental fará a divulgação.
Alguns vídeo tutoriais. É um inglês carregado de sotaque, mas dá pra entender legal:
6. Já que falamos de modelos e software, vai novamente uma dica que já dei há algum tempo, mas que é atual e importante. O SGeMS, gratuito, de Stanford que é de código aberto e faz modelagem geoestatística.
7. Li essa semana um artigo muito interessante sobre monitoramento e acompanhamento de longa duração de uma biorremediação. Ele expõe um conceito de OoM (orders of magnitude) de decaimento das concentrações, análise de Mann-Kendall e outras coisas. Tem muito a ver com o que temos falado aqui de avaliar a capacidade do meio de atenuar a massa dos contaminantes e também de atuações de longo prazo, como controles institucionais. Recomendo a leitura:
11. Mauricio Soares traz mais uma história muito boa (recomendo que sigam o perfil dele, é bem interessante). Como as boas práticas na década de 60 se converteram em absurdos ambientais olhando com a visão de hoje. Agora imaginem as ações que a humanidade tomava no início da Revolução Industrial, ou nas Grandes Navegações, na Revolução Agrícola, no Neolítico. Acompanhando esse raciocínio, o que estamos fazendo hoje está correto? É uma forma de preservarmos o planeta para as futuras gerações? Ou estamos esgotando os recursos agora em nome de uma satisfação das necessidades (reais ou criadas?) atuais. https://www.linkedin.com/posts/mauricio-soares_meioambiente-residuossolidos-consultoriaambiental-activity-6736781602808041472-INk5/
13. Outro Webinário muito interessante, esse bem aplicado à nossa área. É do ITRC sobre o documento deles denominado Remediation Management of Complex Sites: https://www.remediationseminar.com/201210 . Dois documentos lá para baixar são legais:
20. Um artigo interessante sobre a relação entre decrescimento, pós-crescimento, mudanças climáticas e adaptações necessárias na saúde pública. Bem interessante: https://www.bmj.com/content/371/bmj.m4168 .
23. Quem tem interesse no tema, uma oportunidade muito legal!!!! Bolsa de PhD em Barcelona para estudar o Decrescimento:
28. Outra discussão interessante. A produção de alimentos orgânicos foi pensada dentro de um conceito ambiental, agroflorestal, familiar, socialmente justo, relacionado com a permacultura, etc. Mas o que acontece cada vez mais frequentemente é que essa produção orgânica tem sido "sequestrada" pela lógica produtiva, de acumulação e consumo, sendo algo mais de marketing, de "verniz verde" do que da essência da produção orgânica. Isso tenderá a acontecer com outros conceitos? Veganismo, por exemplo? Decrescimento? Acontece com GAC? Vale a leitura e a reflexão: https://diplomatique.org.br/o-sequestro-dos-organicos-pelos-ultraprocessados/
29. Gostaria de discutir o nosso mercado a partir dessa postagem de Marcio Leão. Não sei o quanto representa do mercado, mas, avaliando essa vaga para Coordenador Geotécnico, a gente vê que, embora haja exigência (10 anos de experiência e desejável pós-graduação), o salário é alto no meu entender, de R$ 18 mil. Não acho que alguém do nosso mercado com essa posição, de Coordenador com 10 anos de experiência, receba um salário desse porte. Talvez porque a Geotecnia signifique "progresso" e "produção" ao passo que o GAC signifique "gasto", "despesa". O que vocês acham que é a causa dessa discrepância? https://www.linkedin.com/posts/marcio-le%C3%A3o-ge%C3%B3logo_oportunidade-para-coordenador-geot%C3%A9cnico-activity-6735566406517186560-beNJ/
Por hoje é isso. Aguardo os comentários, sugestões e críticas. Mais uma vez peço que acessem o https://apoia.se/ecdambiental para vocês conhecerem melhor a nossa campanha e, se puderem, contribuírem conosco.
Se alguém não quiser mais receber as minhas mensagens, é só responder esse e-mail com o texto REMOVER
Mais uma vez obrigado pela atenção e até a semana que vem
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